13.7.07

Envergonhada


Hora de almoço. Sobrou-me tempo antes de voltar ao trabalho. Ali perto há um pequeno jardim junto ao rio. Comprei uma revista e fui desfolha-la para uma canto fresco onde sabia haverem dois bancos com sombra. Lá chegado estava um ocupado com uma jovem. Estava a almoçar. Tinha ares de trabalhar numa das lojas das redondezas. Meia sandes na mão e a lata de sumo sentada ao seu lado junto à mala e um saco de plástico. Viu-me. Olhou-me com ar surpreso. Sentei-me no outro banco. Acendi o vício e comecei a desfolhar a revista. Ela foi-se embora. Num ápice ensacou a comida, pegou no saco e foi-se embora. Pareceu-me vergonha. Pareceu-me triste. Deixou-me triste.

3 comentários:

Reticências... disse...

Isso revela bem o hábito dos portugueses não usarem os jardins e os bancos, se fosse algures lá fora, nem se importariam que te sentasses ao lado...ela deve ter pensado que eras mais um tarado que ia mandar piropos! MAs é triste sim, ficamos sem perceber o porquê de não podermos dividir/partilhar espaços públicos livremente com o simples intuito do lazer...

Mr Sleeves disse...

Não me pareceu que a vergonha fosse consequência de potênciais piropos. Até porque a moça não era de levar à loucura. Nem sequer à tentação. Pareceu-me mais aquela vergonha escondida de quem come uma sandes ao almoço porque não dá para mais...

Mr Sleeves disse...

Não me pareceu que a vergonha fosse consequência de potênciais piropos. Até porque a moça não era de levar à loucura. Nem sequer à tentação. Pareceu-me mais aquela vergonha escondida de quem come uma sandes ao almoço porque não dá para mais...