6.11.05

O alvo


Mas o que é isso de andar sempre num ataque fundamentalista à religião? Quero dizer que o homem escreve bem. Tem correnteza de discurso. É fluído. Apesar da história da pontuação, a coisa lê-se bem desde que se entre na coisa. E depois há os temas; sempre polémicos e dignos de escrita. E se quer viver em Espanha, então que viva. O que estraga o arranjo floral é o alvo da sua escrita.
Vai daqui um verborrado conselho: Aponte o alvo da sua escrita aos causadores e não à causa. Mire a Igreja e não a religião.

3 comentários:

Sérgio Ribeiro disse...

Caro MrSleeves
Retribuo a sua simpática visita, eu que já por aqui fui bem recebido.
Não me parece justa a sua observação sobre o José Saramago. Não leio, nos romances que ele escreve, um ataque à religião. Mas as leituras são diferentes segundo os leitores...
A mim, parece-me, isso sim, que os crentes são muito susceptíveis e mal toleram o que consideram iconoclastia...
O Evangelho segundo Jesus Cristo é, quanto a mim, um livro/romance de grande respeito, embora em desacordo conceptual, pelos "textos sagrados".
Neste seu livro, que estou a ler, até agora o que mais "leio" é sarcasmo e "ataque" a algumas instituições, a partir de uma questão que, pondo em causa a razão da "necessidade metafísica" schoppenauereana, ficciona a condição humana e as suas posições sobre a morte.
Vou usar este seu post no blog da Som da Tinta. Espero que não considere abuso.
Saudações.

Sérgio Ribeiro disse...

Gosto deste ping-pong!
A crença, a iconoclastia e o(s) fundamentalismo(s) dão pano para muitas... sleeves.
Quanto à necessidade metafísica ser inerente "à própria existência humana" tenho seríisimas reservas como tenho mais do que reservas sobre a asserção de que o que nos faz sonhar seja "acreditar em algo para além do conhecido". Há quem sonhe com o caminho a fazer para ir conhecendo o que conhecido (ainda) não é, na certeza de que nunca tudo o será. E vá sonhando caminhando ao fazer o caminho...
Eu sonho, passo a vida a sonhar no que este verbo tem como significado(um dos seus), e não reconheço em mim qualquer necessidade metafísica.
Um abraço,
Sérgio (o Ribeiro)

Mr Sleeves disse...

Não é que o diálogo seja desinteressante mas, na minha modesta opinião, quando entramos em temas onde os princípios orientadores da vida predominam, cada um tem os seus. E os seus são sólidos e dificilmente mutáveis. Talvez também os meus e, daí, entraríamos num braço de ferro sem fim.
Este é o tipo de diálogo mais adequado à chamada conversa de café. E olhe que isto da conversa de café é coisa boa, ao contrário do que se diz por aí.
Boa sorte para a campanha do Jerónimo. Menos sorte para as eleições!